No
marketing e na comunicação, quem não mudar vai morrer. E as
mudanças não devem ser pequenas. Os efeitos do que estamos vivendo
serão devastadores.
A
situação atual de quarentena, crise econômica profunda, pandemia e
crise política, me fez lembrar uma música de Caetano Veloso e
Gilberto Gil. Divino Maravilhoso é o nome da música, e ela traz um
refrão que diz: “É preciso estar atento e forte. Não temos tempo
de temer a morte.”
Penso
que hoje é disso que se trata. É preciso estar atento e forte, até
porque não temos tempo nem para temer a morte.
Vejam
o que está acontecendo com as grandes marcas. Depois de 40 anos de
propaganda em defesa da iniciativa privada, as grandes empresas estão
tentando desesperadamente dizer que estão cumprindo um papel social
no combate à pandemia do Coronavírus. Bradesco, Itaú, Petrobras,
Globo ….
As
mudanças já vinham sendo impostas pelas transformações
tecnológicas na infra-estrutura da comunicação, pela concentração
monopólica acentuada e pela globalização. Agora, com a pandemia da
COVID-19, todas as tendências apontadas anteriormente estão se
acelerando. A única que pode sofrer algum nível de reversão é a
da globalização, mas mesmo assim apenas na forma como vinha se
dando.
A
COVID-19 empurrou a humanidade para uma experiência radical. A
vivência do isolamento social, a re-significação de conceitos como
saúde, vida, família, e a aceleração de experiências de trabalho
em casa, devem trazer grandes implicações. Muitas empresas já
vinham buscando novos formatos de relacionamento com seus clientes e
de organização do seu trabalho. A reconstrução da economia, o
reerguimento das empresas e organizações deve trazer grandes
novidades a frente.
Por
exemplo, até o início deste ano um advogado que trabalhasse em casa
não era bem visto. O raciocínio comum, normal, do mercado era: “se
ele não consegue nem ter um escritório, não deve ser competente”.
Assim, o mundo jurídico, que vive largamente de aparências (e não
pode fazer propaganda), investiu até a COVID-19 fortunas em salas
luxuosas em prédios caros. Esse raciocínio com certeza sofrerá
grandes mudanças e possivelmente teremos prédios e prédios de
escritórios se esvaziando nos próximos anos diante de um novo
normal.
A
Havan. Provavelmente a Havan venha a falir em meio a atual crise. Mas
o erro principal dela talvez nem seja sua adesão visceral ao projeto político do atual presidente. O maior erro foi apostar na abertura de grandes
lojas físicas quando todo o mercado se volta para a venda digital.
Na China, após a crise, a Starbucks re-abriu todas as suas lojas,
mas recuperou somente 60% de seus clientes. Os demais não retomaram
seus antigos hábitos de sociabilidade e, por enquanto, estão
preferindo tomar café em casa. Talvez a Starbucks venha a diminuir o
tamanho de suas lojas para deixar de pagar por um espaço vazio.
Os
shopping centers. A humanidade já vinha dando mostras de estar
superando o modelo dos shopping centers como local ideal para fazer
compras. Agora, que os shopping centers se revelaram como os locais
mais perigosos e contaminantes, as pessoas vão pensar duas vezes
antes de decidir ir a um shopping.
Todos
sabem que, quando se trata de marketing, quando uma porta se fecha,
outra ou outras se abrem. Choveu? Esqueça o pacote de balas e vá
vender guarda-chuva. Se as salas de escritório vão perder valor,
agora a indústria imobiliária prepara freneticamente
lançamentos de prédios de apartamentos que já virão com
home-office.
Mas
se sabemos o que fazer quando chove, o mesmo não vale agora. A
COVID-19 não é uma chuva de verão. É um evento com implicações
profundas, principalmente porque não se trata apenas da pandemia. Se
trata de um conjunto amplo de mudanças. E simplesmente não sabemos
o que o futuro nos reserva. Nos resta dobrar a atenção, procurarmos
nos fortalecer e trilhar o futuro de olhos bem abertos.