segunda-feira, 22 de maio de 2023

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A PROPAGANDA

 


A inteligência artificial (IA) chegou para ficar. A guerra entre as diversas ferramentas de IA vai se desenvolver muito rapidamente. São dezenas de alternativas; quase todas focadas na apresentação de soluções numa área. Umas são gerais, num certo sentido substituem ou transformam o Google, o Bing etc. Outras são focadas. Fazem textos, ou vídeos, ou apresentações… Na guerra pelo mercado mundial, a ChatGPT largou na frente, mas não quer dizer que venha a ser a melhor ferramenta daqui um curto espaço de tempo.

Uma coisa é certa: a inteligência artificial terá efeitos profundos na propaganda tal como a conhecemos, inclusive na que é realizada na internet e nas redes sociais. Pense no impacto do computador e das tecnologias digitais na nossa vida. Pense nas mudanças no nosso comportamento nestes últimos vinte anos. Pode ter certeza, o que teremos pela frente será devastador perto do aconteceu até agora.

Não é o risco das máquinas se revoltarem contra a humanidade o que se avizinha. Essa hipótese é boa para os filmes de ficção científica, mas não está no horizonte próximo. Os riscos se relacionam mais com o desemprego em massa, a exclusão digital e a manipulação das pessoas e das decisões políticas e econômicas.

Todas as tecnologias que estamos vendo surgir causam desemprego. Elas substituem o ser humano e o seu trabalho. Isso vai do trabalhador que movimenta as máquinas na fábrica ao caixa do supermercado e ao profissional liberal. Com a tecnologia 5G, vai chegar aos motoristas do mundo inteiro, substituídos por veículos autoguiados, aos professores, substituídos por plataformas educacionais, aos soldados nos campos de batalha, substituídos por drones e robôs assassinos.

As projeções são preocupantes. Muitos dizem que com a tecnologia já existente dois terços da humanidade é descartável pelo simples fato de que não haverá trabalho para elas. Vêm daí, de um lado, as sugestões de que seja criada uma renda básica universal, na prática uma bolsa-família para toda esta gente que estaria sobrando no planeta. Por outro lado, também vêm daí as políticas neonazistas, a manipulação das pessoas e das eleições no mundo inteiro usando as redes sociais, as fake news e as políticas de ódio.

O que fazer diante da IA?

A primeira certeza que precisamos fixar é a de que a IA é uma máquina, uma ferramenta, um software, um algoritmo desenvolvido para realizar tarefas. Esta ferramenta pode coletar e analisar grandes volumes de dados em tempo real, permitindo que os anunciantes ajustem rapidamente suas campanhas de acordo com as necessidades do mercado.

Uma das possibilidades da IA, na propaganda, é a capacidade de personalizar anúncios para o público-alvo específico, com base em dados demográficos, histórico de compras, interesses e comportamentos online. Ela permite, por exemplo, a personalização dos anúncios, a criação e o desenvolvimento de uma campanha em poucos minutos, o desenvolvimento do texto, da arte, do vídeo, tudo com uma rapidez e adequação ao público-alvo como nunca tivemos até agora.

Além disso, pode automatizar tarefas repetitivas, como segmentação de público, geração de conteúdo, testes A/B e estratégia de lances. Isso permite que os profissionais de marketing se concentrem em tarefas mais estratégicas e criativas. Ou simplesmente sejam descartados.

Imagine uma campanha para eleger um presidente em que cada eleitor do país recebe uma propaganda personalizada, desenvolvida especificamente para o seu perfil. Isso teoricamente já era possível, mas não era algo feito diretamente pela máquina. A inteligência artificial executa todas as etapas da criação e distribuição de campanhas publicitárias, desde a pesquisa de mercado até a análise de dados pós-campanha.

Diante das transformações provocadas pela IA, na área da publicidade e propaganda, é essencial compreender seu potencial e assegurar que seu uso seja ético e responsável. Os profissionais do setor devem estar dispostos a se adaptar e aprender a trabalhar em conjunto com as ferramentas de IA, aproveitando suas vantagens para alcançar resultados mais eficazes. Ao mesmo tempo, é fundamental estabelecer regulamentações adequadas para evitar abusos, garantir a transparência e proteger a privacidade dos indivíduos.

A inteligência artificial pode ser uma poderosa aliada, mas a responsabilidade de utilizar essa tecnologia para o bem depende de nós.