sexta-feira, 14 de março de 2014

O galo que tece nossas manhãs



Quem já viu nossa agência de perto, sabe que os galos estão por todos os lados. Hoje compartilhamos um poema de João Cabral de Melo Neto que reflete a forma como trabalhamos aqui: sempre juntos.

Bom final de semana!








Tecendo a Manhã
João Cabral de Melo Neto

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.