Nem
peças, nem prêmios: o assunto mais comentado da 69a
edição do Festival de Cannes foi a palestra de Amir Kassaei, CCO da
DDB Worldwide. Com o título Faça
isso ou morra,
o discurso trazia uma ideia pertubadora: de que a publicidade está
perdendo sua relevância. A inspiração para o alarde veio de um
clássico anúncio assinado por Doyle Dane Bernbach, fundador da DDB,
em 1969.
Kassaei
foi direto ao ponto e disse que o Festival premia trabalhos que “não
têm qualquer ligação com a realidade. Estamos discutindo social
media, conectividade, e nada desta m** importa”. Para o CCO, a
maioria das peças publicitárias conquista um grupo de “vinte e
poucas pessoas” interessadas em marketing, mas não fala às
pessoas reais. “Peguem a ideia mais inovadora que viram aqui nesta
semana e a mostrem para alguém fora do Palais. Mostrem às pessoas
reais e vão ver se essa pessoa se importa com isso.”
O
CCO propõe mudanças de postura e de atitude, afirmando que
publicitários precisam esquecer-se das “embalagens lustrosas e
promessas vazias”. Mas essa não é nenhuma novidade – pelo menos
para a Veraz. Desde sua fundação, há 18 anos, a Veraz faz a
comunicação dos clientes funcionar. Sem esquecer da criatividade e
da inovação, elaboramos campanhas para pessoas – não para
prêmios.
Durante
a palestra, Kassaei desafiou à plateia que mostre a um cidadão
comum a ideia de Cannes que julgue achar melhor. A proposta é
descobrir se, nas partes mais remotas da cidade, a publicidade
continua fazendo sentido. “Não faz”, garante. “Estamos
todos focados em falar do que vai mudar, da nova tendência, e não
lembramos daquilo que nunca vai mudar. Perdemos o contato com a
realidade, estamos criando coisas, premiando coisas, e nos
enganando”, concluiu.
O
último conselho de Kassaei para a plateia do Cannes Lions foi para
não perder tempo em trabalhos irrelevantes. “Agora é o momento de
fazer isso, ou morrer”, concluiu. “A razão para entrar nesta
indústria não era querer ser famoso, ganhar prêmios. Era estar com
pessoas fantásticas e ajudar a resolver problemas das marcas para
melhorar a vida das pessoas. Precisamos recuperar a relevância, e de
fato trabalhar para melhorar a vida das pessoas. Mas estamos mais
cínicos e negativos. Ou reconduzimos os nossos valores e os
recuperamos, ou morremos.”
Se
depender disso, a Veraz continuará vivíssima por muitos e muitos
anos. :)
Conheça o anúncio que inspirou Kassaei – e repense suas ideias sobre publicidade:
Tradução:
Esse
anúncio é algum tipo de brincadeira?
Não.
Mas poderia ser.
E
exatamente neste ponto repousa uma decisão de “faça ou morra”
para os negócios americanos.
Nós
da publicidade, junto aos nossos clientes, temos todo o poder e toda
capacidade para brincar com as pessoas. Ou, pelo menos, achamos ter.
Mas
estamos errados. Não podemos enganar nenhuma pessoa em nenhum
momento.
Há,
de fato, uma mentalidade de doze anos neste país; toda criança de
seis anos tem uma.
Nós
somos uma nação de pessoas inteligentes.
E a
maiorias das pessoas inteligentes ignoram a maioria das propagandas
porque a maioria dessas ignora pessoas inteligentes.
Ao
invés de falarmos uns com os outros.
Nós
debatemos interminavelmente sobre o meio e a mensagem. Nonsense. Na
publicidade, a mensagem em si é a mensagem.
Uma
página em branco e uma tela em branco na televisão são a mesma
coisa.
E,
acima de tudo, as mensagens que colocamos naquelas páginas e
naquelas telas de televisões precisam ser a verdade. Portanto, se
brincarmos com a verdade, morreremos.
Agora.
O outro lado da moeda.
Falar
a verdade sobre um produto demanda um produto que valha a pena contar
a verdade sobre ele.
Infelizmente,
sobre muitos produtos não valem.
Assim,
muitos produtos não fazem nada melhor. Ou nada diferente. Muitos não
funcionam direito. Ou não duram. Ou simplesmente não interessam.
Se
nós jogarmos esse jogo, também morreremos. Porque a propaganda só
ajuda um produto ruim a fracassar mais rápido.
Nenhum
burro persegue a cenoura para sempre. Ele a pega. E desiste.
Essa
é uma lição para se lembrar.
A
menos que nós façamos, morreremos.
A
menos que nós mudemos, o maremoto da indiferença do consumidor vai
socar a montanha da publicidade e de fabricação de asneiras.
Neste
dia, morreremos.
Morreremos
no nosso local de mercado. Nas nossas estantes. Nos
nossos reluzentes pacotes de promessas vazias.
Sem
estouro. Sem choro.
Mas
por nossas próprias mãos habilidosas.
Doyle
Dnae Bernbach INC.